What the Bible says about light and seed

The True Light "In him, (the Lord Jesus) was life, and that life was the light of men. The light shines in the darkness, but the darkness has not understood it. The true light that gives light to every man was coming into the world,…the world didn’t recognize him." John 1:4,9.

The Good Seed and the Weeds “The kingdom of heaven is like a man who sowed good seeds in his field. But while everyone was sleeping, his enemy came and sowed weeds among the wheat and went away. Matthew 13:24,25.

Thursday, March 22, 2012

O Sagrado e o Profano na Terra da Paródia

O sagrado e o profano na terra da paródia

Por Joêzer Mendonça

Na década de 1960, Paul van Buren e A. T. Robinson notaram que “a religião estava fazendo concessões aos titãs da cultura secular” e, na sua luta para escapar da obsolescência, estava se tornando mais semelhante à sociedade em geral.
O neopentecostalismo surge num momento em que as fronteiras entre sagrado e secular estão cada vez mais diluídas. No esforço eclesiástico de dar sentido ao conteúdo bíblico para as novas gerações, os tradicionais limites que separavam a igreja de um modelo cultural secular foram progressivamente apagados, levando a um processo de nivelamento entre o sagrado e o secular.

As igrejas cristãs contemporâneas reforçam a prática de sacralizar o profano, o que é visto em eventos como o “Carnaval de Jesus”, a “balada gospel” ou a “rave gospel”. O sociólogo da PUC-Campinas, Luiz Roberto Benedetti, entende que essa postura das igrejas revela que “há, aqui, mais do que transposição, um nivelamento entre sagrado e profano” (As Religiões no Brasil, p. 132).

Em seu trabalho de reforma espiritual da sociedade, vemos as igrejas atuais cada vez mais afeitas à mimetização de eventos musicais seculares. Muitas vezes, elas acabam assimilando o mesmo efeito de tantos espetáculos de entretenimento: muita música, muito som alto, muito marketing, muita diversão.

As cidades recebem apenas o impacto de multidões, movendo-se de um logradouro público a outro, de uma inauguração de igreja a outra, de um show a outro show. Levados à igreja supostamente pela música, os novos conversos são deixados à margem do estudo da Bíblia e sobrevivem espiritualmente pela graça de Deus e pelo poder dos chavões de cura, unção e prosperidade.

No entanto, vejo que, apesar da sinceridade que possa existir, muito músico intitulado levita tem brincado perigosamente na fronteira entre sagrado e profano. Essa fronteira é distinta daquela entre secular e sacro. O secular pode manifestar valores cristãos implícitos. O profano revela-se abertamente anticristão.

Veja o que diz a letra de “Ofertório”, de Adriano Gospel Funk:
Tem ofertante dizimista aqui? / Se tem, dá um grito
Tem mão de onça? / Se tem, vai ser queimado agora
Mano para de “caô” e deixa de ser enrolão
Se você não é dizimista “pode crer” tu é ladrão

A canção “Ofertório” apresenta características ligadas ao funk carioca, como humor descontraído, linguagem coloquial, tratamento irreverente de temas mais sóbrios e estrutura rítmica dançante. Em contraste com a seriedade e a solenidade que marcam as composições feitas para o tradicional recolhimento de dízimos e ofertas nas igrejas protestantes históricas, essa canção denota uma ambiguidade que apaga a seriedade da mensagem, já que seu teor humorístico confunde os limites tradicionais entre sacro e secular, a ponto de não ser possível definir imediatamente se a canção pretende incentivar ou satirizar a doutrina.

No mesmo espírito, o hit “Créu” foi adaptado para “Céu”. É como se batizassem a canção original e agora ela fosse capaz de emitir significados altamente espirituais e cristãos. Mesmo quem não pertence oficialmente a uma igreja, se permite fazer uma paródia gospel de sucessos seculares.

Não culpem os satiristas. Quem começou com isso foram os próprios evangélicos.
O hit do momento “Ai, se eu te pego” tem agora uma versão gospel chamada “Deus, eu te quero”. O compositor de tal paródia vai dizer que esta é uma forma de chamar atenção para o evangelho, mas muitos cristãos dirão que tal versão é mais um episódio do infindável catálogo de vexame gospel. E mesmo quem não crê no evangelho dirá que se trata de mais uma performance típica de um evangelicalismo intelectualmente decadente.
E ainda tem gente que acha que não importa como a mensagem seja pregada, o importante é pregar a mensagem! Pobre de nosso evangelismo que perdeu até os bons modos.
***
Joêzer Mendonça é músico e doutorando em musicologia na Unesp. É autor do blog Nota na Pauta. Divulgação: Púlpito Cristão.

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