Composta e publicada por Jean-Louis Mondon
Uma Historia Natalina. Uma experiença inesquecível. Jean-Louis Mondon.
Há
muitos anos, estava trabalhando num restaurante na Riviera Francesa. As
festas de fim de ano se aproximavam e com muita expectativa, eu
esperava que meu patrão me desse um dia de folga pela véspera de Natal.
Uma
semana antes, lhe pedi o dia que eu e meus amigos celebrariamos já que
fizemos planos para o fim de ano. A resposta dele foi um NÃO categórico.
Como meu pai sempre
dizia que eu tinha o dom da persuasão, insisti mais uma vez, com
argumentos que eu acreditava serem incontestáveis. Como último recurso
tentando abrir os olhos gananciosos dele, enfatizei que a relação
custo/beneficio mostrava que não valia a pena manter as portas abertas,
por causa dos gastos de energia, o desperdicio da comida, dos salarios
dos empregados, da lenha para assar a carne cara importada da
Argentina, enfim, inclui tudo que era possível, mas foi em vão. Assim é a
vida e não podemos ganhar sempre.
Disfarçando
para manter as aparências, falei com um tom desenvolto, como se fosse
uma promessa implicante: "Você vai ver, ninguém virá comer no
restaurante".
Chegou a
véspera de Natal. Às duas horas da tarde, cheguei ao trabalho,
preparamos tudo para os clientes, acendi a churrasqueira para assar a
carne, o fogo aquecia o ambiente com as suas chamas atraentes como se
fosse uma dança de luz.
Meu
patrão estava-me olhando com um olhar atrevido e eu retribuía-lhe com
um sorriso confiante. Só faltava ganhar minha aposta. Ele, apesar de ter
tanta certeza, não faria isso por medo de perder dinheiro, e eu, pelas
minhas convicções.
Assim passamos algumas horas, a noite chegou e a dança das chamas na churrasqueira reduziu-se a uma pequena brasa.
O
proprietário pediu-me que pusesse mais lenha para que se vissem os
rostos sorridentes dos empregados aborrecidos. Mas ninguém sorria
porque, como eu lhe tinha dito, nem uma alma se dirigia ao restaurante
para apreciar este acolhimento caloroso do nosso anfitrião, que se
arriscava a perder sua dignidade que, na verdade, só ele atribuia a si
próprio.
Finalmente,
após tantas horas, uma dama da terceira idade, solitária aproximou-se da
porta e entrou. Finalmente, nosso presente de Natal tinha chegado!
Os pensamentos do meu coração suavizavam-se ao pensar que aquela senhora poderia ser a minha avó ou a minha mãe.
Geralmente,
o patrão não permitia que os empregados se sentassem com os clientes,
mas, com um pouco de boa vontade, deixou-me sentar com a única cliente
da noite. Compartilhamos uma conversa amigável em que ela contou-me um
pouco da sua vida.
A
experiência foi profunda e ensinou-me que não há dúvida e que cada gesto
de amor e bondade é necessário para tornar este mundo um lugar melhor,
apenas se tocarmos o coração de uma pessoa de cada vez. Que lição
ilustrativa de vida valiosa!
Além
disso, o meu patrão ganhou uma cliente, mas perdeu dinheiro também
porque se sentiu muito culpado ao pedir a esta pobre senhora que pagasse
a conta. Eu sugeri a ele não cobrasse. A meu ver, a experiença de vida
foi valiosa especialmente neste tempo de fim de ano. Nenhum de nós
perdeu a dignidade e, alguns meses depois, separámo-nos e seguimos
caminhos diferentes.
Feliz
Natal a todos! Espero que esta estação especial lhes trará alegria e a
realização dos seus sonhos no ano que entra.
Jean-Louis Mondon.
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